sábado, 21 de fevereiro de 2009

Amado filho...

.
(foto fonte: legacycreative.gettyimages.com)


.



Amado filho, filha, neto, neta:

.

No dia em que este velho não for mais o mesmo, tenha paciência e me compreenda.
.
Quando derramo comida sobre minha camisa e esqueço como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e lembre das horas em que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas.
.
Se quando conversares comigo, eu repetir as mesmas histórias, que sabes de sobra como terminam, não interrompa e escute-me.
Quando eras pequeno, para que dormisses, tive que contar-te milhares de vezes a mesma história até que fechasses os olhinhos.
.
Quando estivermos reunidos e sem querer, fizer minhas necessidades, não fiques com vergonha. Compreendas que não tenho culpa disso, pois já não as posso controlar.
Pense, quantas vezes, pacientemente, troquei tuas roupas e fraldas para que ficasses sempre limpinho e cheiroso.
.
Não me reproves se eu não quiser tomar banho, seja paciente comigo. Lembra-te dos momentos que te persegui e os mil pretextos que inventava para te convencer a tomar banho.
.
Quando me vires inútil e ignorante frente à novas tecnologias que não mais posso aprender e entender, suplico que dê todo o tempo que for necessário, e que não me machuques com um sorriso sarcástico.
Lembra-te que fui eu quem te ensinou tantas coisas. Comer, vestir-se e como enfrentar a vida tão bem como hoje o fazes. Isso é resultado do meu esforço e da minha perseverança.
.
Se em algum momento, quando conversarmos, eu me esquecer do que estávamos falando, tenha paciência e me ajude a lembrar. Talvez a única coisa importante pra mim naquele momento seja o fato de ver você perto de mim, me dando atenção, e não o que falávamos.
.
Se alguma vez eu não quiser comer, saiba insistir com carinho. Assim como fiz contigo.
Também compreenda que com o tempo não mais terei dentes fortes, e nem agilidade para engolir.
.
E quando minhas pernas falharem por estarem tão cansadas e eu já não conseguir mais me equilibrar... Com ternura, dá-me tua mão para me apoiar, como eu fiz quando tu começaste a caminhar com tuas perninhas tão frágeis.
.
E se algum dia me ouvires dizer que não quero mais viver, não te aborreças. Um dia entenderás que isso nada tem a ver com teu carinho ou com o quanto te amo.
Compreenda que é difícil sentir a vida abandonando aos poucos o meu corpo, e que é duro admitir que já não tenho mais o vigor para correr ao teu lado, ou para tomar-te em meus braços como antes.
.
Sempre quis o melhor para ti e sempre me esforcei para que teu mundo fosse mais confortável, mais belo, mais florido.
.
E até quando eu me for, construirei para ti outra rota, em outro tempo, mas estarei sempre contigo, zelando por ti...
.
Não te sintas triste ou impotente por me ver assim. Não me olhes com cara de piedade.
Dá-me apenas o teu coração, compreenda-me e apóie-me como fiz quando começaste a viver.
Isso me dará forças e muita coragem.
.
Da mesma maneira que te acompanhei no início da tua jornada, te peço que me acompanhes para terminar a minha.
.
Trata-me com amor e paciência, e eu te devolverei sorrisos e gratidão, com o imenso amor que sempre tive por ti.
.
Atenciosamente,
.
TEU VELHO.
.
(Em memória de todas as mães e de todos os pais e avós do mundo)
.
(autoria desconhecida)
(enviado via e-mail por Alberto Albino)
.

Nenhum comentário: