quarta-feira, 29 de julho de 2009

Oração do Amigo

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(foto fonte: adorocinema.com - imagem do filme "O caçador de pipas")


Oração do Amigo (por Gabriel Chalita)

Há muito se diz que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro precioso. Há muito se diz que amizade verdadeira dura para sempre. Não tem aquelas tempestades da paixão nem a calmaria exagerada do descompromisso. É o meio termo. É a bonita sensação do estar perto e, de repente, poder se calar. Não exige tanto. Exige tudo.

As amizades nascem do acaso. Ou de alguma força que faz com que uma simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja capaz de unir duas pessoas. E a cumplicidade vai ganhando corpo e o desejo de estar junto vai aumentando e, com ele, a sensação sempre boa do poder partilhar, de se doar.

Há muito se diz que os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem presentes nos momentos mais difíceis da vida, naqueles momentos em que a dor parece querer superar o desejo de viver. De fato, os amigos são necessários nesses momentos. Mas talvez a amizade maior seja aquela em que um amigo é capaz de estar ao lado do outro nos momentos de glória e vibrar com essa glória; não ter inveja, não querer destruir o troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente, ser presente.

A amizade não obedece à ordem da proporcionalidade do merecimento. Não há sentido em querer de volta tudo o que gratuitamente se distribuiu. A cobrança esmaga a espontaneidade da amizade, e a surpresa alimenta o desejo de estar junto. O amigo gosta de surpreender o outro com pequenos gestos. Coisas aqui e ali que roubam um sorriso, um abraço, um suspiro. E tudo puro, tudo lindo.

Há muito se diz que não é possível viver sozinho. A jornada é penosa e sem amparo é difícil caminhar. Juntos os pássaros voam com mais tranqüilidade. Juntas, as gaivotas revezam a liderança para que ninguém se canse demais. Juntos é possível aos golfinhos comentarem sobre a beleza de um oceano infinito. Juntos, mulheres e homens partilham momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.

Eu Te peço, Senhor, nesta singela oração, que eu seja fiel aos meus amigos. São poucos e impossível seria que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos.

Eu Te peço, Senhor, que eu não padeça do mal da inveja que traz consigo outros desvios, como a fofoca. A terrível fofoca que humilha, maltrata, faz sofrer.

Eu Te peço, Senhor, que o sucesso do outro me impulsione a construir o meu caminho e que jamais eu tenha a ânsia de querer atrapalhar a subida de meu amigo.

Eu Te peço, Senhor, que eu seja leal. Que eu saiba ouvir sempre e saiba quando é necessário falar. Senhor, eu sei que a regra de ouro da amizade consiste em não fazer ao amigo aquilo que eu não gostaria que ele fizesse a mim. E eu Te peço que eu seja fiel a essa intenção. Que eu tenha poucos amigos, mas amigos que permaneçam para sempre. Não poderia ter muitos; não teria tempo para cuidar de todos, e de amigo a gente cuida, acolhe, ama.

Senhor, proteja os meus amigos. Que nessa linda jornada consigamos conviver em harmonia. Que nesse lindo espetáculo possamos subir juntos ao palco. Sem protagonista. Ou melhor, que todos sejam protagonistas e que todos percebam a importância de estar ali. No palco. Na vida.

Obrigado, Senhor, pelo dom de viver e conviver. Obrigado, Senhor, pelo dom de sentir e manifestar o meu sentimento. Obrigado, Senhor, pela capacidade de amar, que é abundante e sem fim.

Amém.
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

(foto fonte: gettyimages)


Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:

- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- É... não deu certo...
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.

Tudo junto, não vamos encontrar. Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele. Pele é um bicho traiçoeiro.

Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa está com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob pressão? O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia? Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo. E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...

Enfim...quem disse que ser adulto é fácil??!!

(Arnaldo Jabor)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Meu vício agora...


Meu Vício Agora (Kid Abelha)
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Não vou mais falar de amor
De dor, de coração, de ilusão
Não vou mais falar de sol
Do mar, da rua, da lua ou da solidão
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Meu vício agora é a madrugada
Um anjo, um tigre e um gavião
Que desenho acordada
Contra o fundo azul da televisão
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Meu vício agora...
É o passar do tempo
Meu vício agora...
Movimento, é o vento, é voar...é voar
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Não vou mais verter
Lágrimas baratas sem nenhum porquê
Não vou mais vender
Melôs manjadas de karaokê
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E mesmo assim fica interessante
Não ser o avesso do que eu era antes
De agora em diante ficarei assim...
Desedificante
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Meu vício agora...
É o passar do tempo
Meu vício agora...
Movimento, é o vento, é voar... é voar
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(ouça aqui esta música!)
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domingo, 19 de julho de 2009

Oração a mim mesmo





Oração a mim mesmo (Oswaldo Antônio Begiato)


Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais,
Falar menos,
Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que prepotentemente penso que têm.


Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática, as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.


Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.


Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhar.


Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis;
Aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.


Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amor, sonhar o amalgamar.


Que eu me permita o silêncio das formas, dos movimentos, do impossível, da imensidão de toda profundeza.


Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque,
Pelo sentir,
Pelo compreender,
Pelo segredo das coisas mais raras,
Pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calar, experimentar a forma, vislumbrar as curvas, desenhar as retas, e aprender o sabor da exuberância que se mostra nas pequenas manifestações de vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos

Que meu choro não seja em vão, que em vão não sejam minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos, mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:
_ Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno dentro de minha própria turbulência,
Sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos,
Humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas (que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezas e o quanto é valiosa minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe, ser pai e, se for preciso, ser órfão.

Permita-me em ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei.


Traduzir o que os mestres ensinaram e compreender alegria com que os simples traduzem suas experiências.


Respeitar incondicionalmente o ser; o ser por si só;
Por mais nada que possa ter além de sua essência.

Auxiliar a solidão de quem chegou, render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amado

Que eu possa amar mesmo sem ser amado,

Fazer gentilezas quando recebo carinhos

Fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.

Que eu jamais fique só, mesmo quando eu me queira só.

Amém.


(enviado via e-mail por Amélia Faria)


terça-feira, 14 de julho de 2009

Amor além da vida...


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Havia prometido, num tempo além da vida, que um dia voltaria...
Sob a luz das estrelas e um brilho forte no olhar, deu sua palavra.
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Que triste momento a despedida! Lágrimas rolando sem parar, por mais que se esforçasse para não chorar... Uma dor forte surgia no peito e a saudade já começava a sufocar...
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Abraçou-a com carinho e uma luz brilhante envolveu-lhes por inteiro... A luz do amor!
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Fecharam os olhos e, sem dizer uma palavra, já sabiam... O sentimento que os unia era realmente verdadeiro!
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_ Não temas, dizia em pensamento. _ Tenha certeza que meu coração estará contigo seja onde for...
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_ Não! Não vá, por favor, não me deixe!, gritava desesperada a voz do coração de sua amada.
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_ Minha querida, a separação é necessária. Precisamos aprender a amar! O verdadeiro amor liberta. Amor não é vício, dependência, apego... Amor é um sentimento sublime, forte, capaz de caminhar sozinho... Amor é a união de dois inteiros e, não, de duas metades...
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Seguiu em ritmo frenético. Não queria ficar ali a sentir aquela dor nem por mais um instante...
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Muitos anos se passaram de um lado... Muitos séculos se passaram de outro (o tempo em outra dimensão é diferente), mas a dor da saudade era a mesma para ambos os corações...
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Após aquele dia triste da despedida, suas memórias foram apagadas... O véu do esquecimento era necessário para suas caminhadas...
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Prosseguiram sozinhos pela longa jornada da vida. Aprenderam a enfrentar barreiras com suas próprias forças, a conviver com suas próprias dores, a sentir prazer estando consigo próprias e, o mais importante, aprenderam a se doar e a amar desinteressadamente, preenchendo seus corações de luz e realização.
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De vez em quando, olhavam para o céu estrelado e não sabiam o porquê, mas sentiam uma tristeza a apertar-lhes o peito. Um misto de saudade e grandes emoções invadiam-lhes a alma...
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Não podiam explicar, apenas sentir...
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O tempo passou, muita coisa mudou...
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Foram felizes nesta missão... Muito se conquistou... A luz brilhou, a alma cresceu, o coração transcendeu e, finalmente o amor verdadeiro nasceu!!
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Então, o reencontro aconteceu!
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Novamente, sob a luz das estrelas, duas almas, dois corações, agora sim, fortes e inteiros estavam prontos para amar.
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E, num único olhar, puderam se lembrar... As lembranças e emoções, num lampejo, começaram a aflorar e uma luz brilhante começou a lhes iluminar.
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Correram a se abraçar e, tendo o infinito como testemunha, finalmente puderam se amar!
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(by Regina)
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Aprendizado do Amor...

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Diz a lenda que o Senhor, após criar o homem e não tendo mais nada sólido para construir a mulher, tomou um punhado de ingredientes delicados e contraditórios, tais como timidez e ousadia, ciúme e ternura, paixão e ódio, paciência e ansiedade, alegria e tristeza e assim fez a mulher e a entregou ao homem como sua companheira. Após uma semana, o homem voltou e disse:
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- Senhor, a criatura que você me deu faz minha vida infeliz. Ela fala sem cessar e me atormenta de tal maneira que nem tenho tempo para descansar. Ela insiste em que eu lhe dê atenção o dia inteiro... assim minhas horas são desperdiçadas. Ela chora por qualquer motivo. Facilmente fica emburrada e às vezes muito tempo ociosa. Vim devolvê-la porque não posso viver com ela.
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Depois de uma semana o homem voltou ao criador e disse:

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- Senhor, minha vida é tão vazia desde que eu trouxe aquela criatura de volta! Eu sempre penso nela: como ela dançava e cantava, como era graciosa, como me olhava, como conversava comigo e como se achegava em mim. Ela era agradável de se ver e de se acariciar. Eu gostava de ouvi-la rir. Por favor, dê-me de volta.

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- Está bem, disse o Criador. E a devolveu.

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Mas, três dias depois, o homem voltou e disse:

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- Senhor, eu não sei. Eu não consigo explicar, mas depois de toda esta minha experiência com esta criatura, cheguei a conclusão que ela me causa mais problemas do que prazer. Peço-lhe, tomá-la de novo! Não consigo viver com ela!

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O criador respondeu:

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- Mas também não pode viver sem ela.
E virou as costas para o homem e continuou o seu trabalho. O homem desesperado disse:

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- Como é que eu vou fazer? Não consigo viver com ela e não consigo viver sem ela!

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- Achei que, com as tentativas, você já tivesse descoberto: Amor é um sentimento a ser aprendido: É tensão e satisfação. É desejo e hostilidade. É alegria e dor. Um não existe sem o outro. A felicidade é apenas uma parte integrante do amor. Isto é o que deve ser aprendido. O sofrimento pertence ao amor. Este é o grande mistério do amor. A sua própria beleza e o seu próprio fardo. Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício ao lado da satisfação e da alegria. A pessoa terá sempre que abdicar alguma coisa para possuir ou ganhar uma outra coisa. Terá que desembolsar algo para obter um bem maior e melhor para sua felicidade.

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É como plantar uma árvore em frente a uma janela. Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem. É preciso considerar tudo isto quando nos dispomos a enfrentar o aprendizado do amor.

(autoria desconhecida)


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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Solidão...

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(foto fonte: gettyimages)
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Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência.


Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade.


Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.


Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.


Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.


Solidão é muito mais do que isto.


Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma...


(Francisco Buarque de Holanda )

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