domingo, 26 de setembro de 2010

Lua adversa




Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha


Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.


E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
(Cecília Meireles)
.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Poética (I)


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O oeste é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando.

(MORAES, Vinícius de. Livro de Sonetos. 10.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Só hoje...


Só Hoje (Jota Quest)
Composição: Fernanda Mello e Rogério Flausino

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal...
Olhar teus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir
(que te faça rir)

Hoje eu preciso te abraçar...
Sentir teu cheiro de roupa limpa...
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz!

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.

Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.

Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.

Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.

Hoje preciso de você...
Com qualquer humor, com qualquer sorriso!
Hoje só tua presença...
Vai me deixar feliz.
Só hoje!
Ouça aqui!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Salvação...




"Escrever é uma salvação... Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."


(Clarice Lispector)

domingo, 12 de setembro de 2010

Pra você eu digo sim!



Pra Você eu Digo Sim!

(Composição: Rita Lee)
.

Se eu me apaixonar
Vê se não vai debochar
Da minha confusão
.
Uma vez me apaixonei
E não foi o que pensei
Estou só desde então...
.
Se eu me entregar total
Meu medo é
Você pensar que eu
Sou superficial
.
Se eu não fizer amor
Assim sem mais
Se você brigar e for
Correndo atrás de alguém
Não vou suportar a dor de ver
Que eu perdi mais uma vez meu amor
.
Mas se eu sentir que nós
Estamos juntos
Longe ou a sós no mundo e além
Pode crer que tudo bem
O amor só precisa de nós dois mais ninguém...
.
Se você quiser ser meu namoradinho
E me der o seu carinho sem ter fim
Pra você eu digo sim
.
Ouça aqui esta música na versão de Cídia e Dan
.

sábado, 11 de setembro de 2010

O filho eterno



Uma das discussões maiores que envolvem o livro “O filho eterno”, de Cristóvão Tezza é quanto a sua classificação literária que se confunde em “romance” ou “autobiografia”.

Apesar de narrar sua própria história, o autor redige o texto em terceira pessoa, como se fosse assim, personagem de si próprio, narrado por outra pessoa.

Com uma franqueza, que às vezes, soa até muito cruel, Tezza revela com grande profundidade todas as suas angústias ao descobrir que seu filho é portador da síndrome de down.

Intercalando passagens de sua própria vida, o autor se mistura na tentativa de se encontrar, numa narrativa existencialista e reflexiva.

O livro é desprovido de sentimentalismo, no qual os críticos consideram ser piegas e, justamente por este motivo, conferem o grande mérito deste livro...

Uma questão interessante é que “O filho eterno” retrata o problema da síndrome de down pela visão masculina (aqui, no caso, do pai) que, muitas vezes é tida como sendo mais fria, porém, não menos desprovida de sentimento. Seria apenas um modo diferente de demonstrar o sentimento, ao contrário das mulheres, que geralmente são mais emocionais e possuem mais facilidade em demonstrá-lo...

O livro se torna especialmente emocionante da metade para o fim, quando o autor se rende e descobre que não pode mais viver sem a presença do filho que se torna, inclusive, seu grande companheiro na torcida fanática ao Clube Atlético Paranaense de futebol.

Algumas passagens do livro:

(...) “Há um início de preleção, quase religiosa, que ele, entontecido, não consegue ainda sintonizar senão em fragmentos da voz do pediatra:

- ... algumas características... sinais importantes... vamos descrever. Observem os olhos, que têm a prega nos cantos, e a pálpebra oblíqua... o dedo mindinho das mãos, arqueado para dentro... achatamento da parte posterior do crânio... a hipotonia muscular... a baixa implantação da orelha e... (...)

(...) Assim, em um átimo de segundo, em meio à maior vertigem de sua existência, a rigor a única que ele não teve tempo (e durante a vida inteira não terá) de domesticar numa representação literária, apreendeu a intensidade da expressão “para sempre” – a idéia de que algumas coisas são de fato irremediáveis, e o sentimento absoluto, mas óbvio, de que o tempo não tem retorno, algo que ele sempre se recusava a aceitar. Tudo pode ser recomeçado, mas agora não; tudo pode ser refeito, mas isso não; tudo pode voltar ao nada e se refazer, mas agora tudo é de uma solidez granítica e intransponível; o último limite, o da inocência, estava ultrapassado; (...)

(...) No momento em que enfim se volta para a cama, não há mais ninguém no quarto - só ele, a mulher, a criança no colo dela. Ele não consegue olhar para o filho. Sim - a alma ainda está cabeceando atrás de uma solução, já que não pode voltar cinco minutos no tempo. Mas ninguém está condenado a ser o que é, ele descobre, como quem vê a pedra filosofal: eu não preciso deste filho, ele chegou a pensar, e o pensamento como que foi deixando-o novamente em pé, ainda que ele avançasse passo a passo trôpego para a sombra. Eu também não preciso desta mulher, ele quase acrescenta, num diálogo mental sem interlocutor: como sempre, está sozinho. (...)

[Cristóvão Tezza nasceu em Lages, Santa Catarina, em 1952, mas mudou-se para Curitiba ainda criança. É considerado um dos mais importantes autores da literatura brasileira contemporânea. Além de escritor, com mais de uma dezena de livros publicados, leciona na UFPR.

É autor, entre outros, de “Trapo”, “O Fantasma da infância”, “Aventuras provisórias”, “Breve espaço entre cor e sombra” (Prêmio Machado de Assis/Biblioteca Nacional de melhor romance de 1998) e “O fotógrafo” (Prêmios da Academia Brasileira de Letras e Bravo! De melhor romance do ano). “O filho eterno” foi escolhido o melhor livro do ano pelo Prêmio São Paulo de Literatura 2008. Conquistou ainda o Portugal Telecom, o Jabuti de melhor romance do ano, o prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo (melhor obra de ficção) e o Bravo! (livro do ano). A trajetória surpreendeu o próprio autor.]



Para quem quiser conferir:

Livro: O filho eterno
Autor: Cristóvão Tezza
Editora: Record – 222 páginas
Site: cristovaotezza.com.br

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Em algum lugar no tempo



Em algum lugar no tempo (Biquini Cavadão)
Composição: Álvaro, Bruno, Miguel, Coelho, Góes
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Não guarde mágoa de mim
Também não me esqueça
Talvez não saiba amar
Nem mesmo te mereça
.

Como as ondas do mar
Sempre vão e vem
Nossos beijos de adeus
Na estação de trem
.

Um gosto de lágrima no rosto
Palavras murmuradas
Que eu quase nem ouço
Que eu quase nem ouço...
.
Em algum lugar no tempo
Nós ainda estamos juntos
Em algum lugar
Ainda estamos juntos
.

Em algum lugar no tempo
Nós ainda estamos juntos
Prá sempre, prá sempre
Ficaremos juntos...
.
Não tenha medo de mim
Não importa o que aconteça
Não me tire da sua vida
Nem desapareça
.
Como as ondas do mar
Sempre vão e vem
Nossos beijos de adeus
Na estação de trem
.

Um gosto de lágrima no rosto
Palavras murmuradas
Que eu quase nem ouço
Que eu quase nem ouço...
.
Em algum lugar no tempo
Nós ainda estamos juntos
Em algum lugar
Ainda estamos juntos
.

Em algum lugar no tempo
Nós ainda estamos juntos
Prá sempre, prá sempre
Ficaremos juntos
Juntos...
.
Em algum lugar no tempo
Nós ainda estamos juntos
Prá sempre, prá sempre
Ficaremos juntos
.

Não guarde mágoa de mim!

Ouça aqui!
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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poesia em flor!


Delírios na noite
Suspiros na madrugada
Sob a luz do luar
As canções que fazem sonhar...

Sob o signo da paixão
Todas as confissões...
Envolventes, alucinantes
.
As mais secretas descobertas,
Profundas, profanas...
A entrega mais emocionante
Desejos incessantes
.
Ao final,
A constatação,
Poesia em flor!
Amanheceu dentro de mim
O amor!

(By Regina)
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O que faz sentido?


E contemplava o céu em meio a um vendaval de pensamentos
O próprio vento se misturando com seus tormentos...
Será que as tristezas um dia cessam?
Os corações são tão diferentes
Às vezes, pode-se ouvir canções,
E não conseguir escutá-las;
Às vezes, pode-se ver estrelas,
E não conseguir enxergá-las...
Gostava de poder sentir a brisa acariciando seus cabelos,
Mergulhar fundo na mais gigante onda e abandonar ali todos os medos,
Confessar todos os segredos...
Gostava de voltar a sonhar,
Ser criança, ser flor, ser libélula, ser amor...
Ser verdadeiramente feliz, voltar a sorrir...


(By Regina)