quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Rádio Pirata



Rádio Pirata (Paulo Ricardo / RPM)

Abordar navios mercantes
Invadir, pilhar, tomar o que é nosso
Pirataria nas ondas do rádio
Havia alguma coisa errada com o rei

Preparar a nossa invasão
E fazer justiça com as próprias mãos
Dinamitar um paiol de bobagens
E navegar o mar da tranquilidade

Toquem o meu coração
Façam a revolução
Que está no ar
Nas ondas do rádio
No submundo repousa o repúdio
E deve despertar

Disputar em cada frequência
O espaço nosso nessa decadência
Canções de guerra
Quem sabe canções do mar
Canções de amor ao que vai vingar

Toquem o meu coração
Façam a revolução
Que está no ar
Nas ondas do rádio
No underground repousa o repúdio
E deve despertar!

(Show de Paulo Ricardo em Guararema - 30/11/2015)

domingo, 4 de outubro de 2015

A saudade...




Saudade, uma das mais belas palavras da Língua Portuguesa e um dos mais intensos sentimentos que podemos experimentar na existência. 

Quando associada a uma pessoa, a saudade é um tipo de dor, uma ausência, um vazio imenso. Chega a ser tão intensa que pode ser sentida fisicamente como uma dor diferente de todas as outras. É como se a pessoa estivesse muito próxima, mas não pudéssemos tocá-la... Por isso, digo que a saudade é a presença constante de alguém ausente. 

Ela também é uma ponte entre o presente e o passado. Acontecimentos marcantes, alegrias intensas, fases e idades anteriores, tudo isso possui magia e poesia observadas da ponte da saudade. O tempo e a distância evidenciam o valor das coisas mais simples. 

Mas não seja um prisioneiro da saudade! Viva intensamente o presente. Deixe que a saudade seja uma cena de um filme em que você é o protagonista. Um filme que ainda lhe reserva as melhores cenas da história! 

A saudade não deve te aprisionar ao que já passou. A vida continua valendo a pena e ainda vai lhe oferecer muitas oportunidades de sentir novas e melhores saudades a cada instante... 

(Carlos Hilsdorf)

domingo, 13 de setembro de 2015

Más companhias...




Más companhias (Virginie Boutaud / Metrô)

Convenci mais de meio mundo
Que o meu corpo não era mais seu
Que eu estava mais do que feliz sem você
Ohh, você...

Conheci olhares e perfumes
Perverti até meus bons costumes
Inventei romances só pra te esquecer
Mas não deu...

Eu vou dormir
Só pra sonhar com você
Te seguir
Não quero mais acordar
Nunca mais
Oh, no, no
Never more, jamais plus...

Oh, essas ruas sempre tão vazias
Estão cheias de más companhias
E eu sozinha,
Procurando você
Já cansei...

Eu vou dormir
Só pra sonhar com você
Te seguir
Não quero mais acordar
Nunca mais
Oh, no, no
Never more, jamais plus...

Never more, jamais plus...


terça-feira, 14 de julho de 2015

Impossível



Já é madrugada
E eu aqui pensando
Em você de novo...

Sei que não tem jeito
Nunca mais terei
Você por perto...

Mas na minha lembrança
Sempre te encontro
Sorriso e encanto
É tudo que eu vejo...

Quem sabe um dia
A gente se encontra
E vamos fazer de conta

Que o dia já amanheceu...

Então hoje você é meu...

By Regina

domingo, 14 de junho de 2015

A estratégia do caos...




A estratégia do caos ( Paulo Ricardo / RPM )

A superfície aparente do olhar
Esconde um mar de lágrimas e histórias
De onde sereias parecem chamar

Há no ar, num ato qualquer
Um certo temor
Um segundo passa por nós
Talvez o amor...

No pensamento em cavernas sem luz
Morcegos vem e voam entre gritos
Antecipando a estratégia do caos

Há no ar, num ato qualquer
Um certo temor
Um segundo passa por nós
Talvez o amor...

Feito um pôr de sol em mim
Feito a vida chegando ao fim

Há um fim?



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A nossa poesia




A nossa poesia

Quando a sede de amar chegar
E o desejo não conseguirmos mais controlar
Faremos poesia...

Não importa a distância, nem a circunstância
Nossa poesia será escrita com urgência
Ávida, eloquente, faminta...

Poesia intensa e ardente
Poesia que sacia
Poesia repleta de prazer
Poesia que acaricia

O meu mundo não pode mais ficar sem a sua poesia
Ela será sempre escrita e reescrita todos os dias!

By Regina

Bem ou mal



Bem ou mal (Vânia Abreu)

Pode ser que seja normal
Acordar querendo te ver
Pode ser que seja fatal 
Pra mim ficar sem você

Pode ser que o amor seja assim
E o remédio seja esperar
Pode ser que eu ria de mim
Quando tudo isso acabar

Antes que eu sinta mais saudades de você
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
Ainda é cedo e tudo pode acontecer
A chance é toda sua

Pode ser seu jeito de olhar
Um sorriso basta pra mim
Faz o mundo inteiro parar
Faz o coração dizer sim

Pode ser que eu queira demais
E você nem queira saber
Pode ser que seja fugaz
Mas eu quero estar com você

Eu visto a roupa mais bonita pra te ver
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
A noite cai e tudo pode acontecer
Debaixo dessa Lua

Bem ou mal 
Tudo se mistura, tudo é natural
Prazer e tortura juntos, bem ou mal
Se você quer calma eu quero temporal
De amor e prazer...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Todo filho é pai da morte de seu pai...



Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. 

É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. 

É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. 

É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe. 

É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios. 
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.

Todo filho é pai da morte de seu pai. Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta. E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais. Uma das primeiras transformações acontece no banheiro. Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.

Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes. A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões. Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus. Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.

E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece
somente no enterro e não se despede um pouco por dia. 

Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:

— Deixa que eu ajudo.

Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.

Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.

Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.

Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.

Aninhou o pai.

Acalmou o pai.

E apenas dizia, sussurrado:

— Estou aqui, estou aqui, pai!

O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

(Maurício Carpinejar)