quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Flor de lótus


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No dia que se abriu a flor do lótus, pobre de mim! Vagava por aí o meu espírito e eu não o soube. Estava vazia a minha cesta e a flor ficou abandonada.

Apenas, de vez em quando, descia sobre mim uma tristeza e eu despertava do meu sonho e sentia, no vento que vinha do Sul, a sombra suave de um perfume estranho.

Essa carícia indecisa fazia doer de desejo o meu coração e pareceu-me que era o hálito ardente do estio ansiando por completar-se.

Eu não sabia, então, que isso estava tão perto, que isso era meu e que essa carícia perfeita florescera no fundo do meu próprio coração.

(Rabindranath Tagore - Extraído do livro "Gitanjali", enviado com muito atraso por Jorge Leandro Bontempo! E o mal tempo se fez!...)

"O chão recebe insultos e devolve flores..." (R. Tagore)

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Rabindranath Tagore - escritor indiano, nasceu em Calcutá em 1861 e desencarnou em Bengala em 1941. Depois de educação tradicional na Índia, completou a formação na Inglaterra entre os anos de 1878 e 1880. Começou sua carreira poética com volumes de versos em língua bengali. Em 1913, recebeu o prêmio Nobel de literatura. Desde então, traduziu seus livros para o inglês, a fim de lhes garantir maior difusão. Em suas poesias, Tagore oferece ao mundo uma mensagem humanitária e universalista. Seu mais famoso volume de poesias é Gitânjali (Oferenda poética). Fundou, em 1901, uma escola de filosofia em Santiniketan, que, em 1921, foi transformada em universidade.

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