terça-feira, 23 de junho de 2009

Bonito conto...

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Um homem, o seu cavalo e o seu cão iam por um caminho.

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Quando passavam perto de uma árvore enorme, caiu um raio e os três morreram fulminados.

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Mas o homem não se deu conta de que já tinha abandonado este mundo, e prosseguiu o seu caminho com os seus dois animais (às vezes os mortos andam um certo tempo antes de tomarem consciência da sua nova condição…).

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O caminho era muito comprido e, colina acima, o Sol estava muito intenso; eles estavam suados e sedentos.

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Numa curva do caminho viram um magnífico portal de mármore, que conduzia a uma praça pavimentada com portais de ouro.

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O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada e travou com ele, o seguinte diálogo:

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- Bons dias.

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- Bons dias – Respondeu o guardião.

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- Como se chama este lugar tão bonito?

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- Aqui é o céu.

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- Que bom termos chegado ao Céu, porque estamos sedentos!


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- Você pode entrar e beber quanta água queira.

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E o guardião apontou a fonte.


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- Mas o meu cavalo e o meu cão também têm sede...

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- Sinto muito – disse o guardião – mas aqui não é permitida a entrada de animais.

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O homem levantou-se com grande desgosto, visto que tinha muitíssima sede, mas não pensava em beber sozinho. Agradeceu ao guardião e seguiu adiante.

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Depois de caminhar um bom pedaço de tempo encosta acima, já exaustos os três, chegaram a um outro sítio, cuja entrada estava assinalada por uma porta velha que dava para um caminho de terra ladeado por árvores...

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À sombra de uma das árvores estava deitado um homem, com a cabeça tapada por um chapéu. Dormia, provavelmente.


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- Bons dias – disse o caminhante.

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O homem respondeu com um aceno.

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- Temos muita sede, o meu cavalo, o meu cão e eu.

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- Há uma fonte no meio daquelas rochas – disse o homem apontando o lugar.

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- Podeis beber toda a água que quiserdes.

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O homem, o cavalo e o cão foram até à fonte e mataram a sua sede.

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O caminhante voltou atrás, para agradecer ao homem.

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- Podeis voltar sempre que quiserdes – respondeu este.

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- A propósito, como se chama este lugar? – perguntou o caminhante.

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- CÉU.

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- O Céu? Mas, o guardião do portão de mármore disse-me que ali é que era o Céu!


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- Ali não é o Céu, é o inferno – contradisse o guardião.

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O caminhante ficou perplexo.

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- Deverias proibir que utilizem o vosso nome! Essa informação falsa deve provocar grandes confusões! – advertiu o caminhante.

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- De modo nenhum! – respondeu o guardião – Na realidade, fazem-nos um grande favor, porque ficam ali todos os que são capazes de abandonar os seus melhores amigos…
(Paulo Coelho)
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Um comentário:

Thiago disse...

Essas fotos são muitos legais!!!