quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Soneto sentimental à cidade de São Paulo




Ó cidade tão lírica e tão fria!




Mercenária, que importa - basta! importa




Que a noite, quando te repousas morta




Lenta e cruel te envolve uma agonia








Não te amo à luz plácida do dia




Amo-te quando a neblina te transporta




Nesse momento, amante, abres-me a porta




E eu te possuo nua e fugidia.








Sinto como a tua íris fosforeja




Entre um poema, um riso e uma cerveja




E que mal há se o lar onde se espera








Traz saudade de alguma Baviera




Se a poesia é tua, e em cada mesa




Há um pecador morrendo de beleza?








Vinícius de Moraes




(Dia 25 de janeiro de 1554 fundação da cidade de São Paulo. 458 anos! Parabéns!)








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